Por Carolina Vaz
Ao longo do mês de outubro, a campanha ‘Outubro Rosa’ é realizada em vários países do mundo. Criada nos anos 1990 como forma de envolver a população na luta contra o câncer de mama, atualmente engloba o enfrentamento do câncer de colo de útero, doença que acomete cerca de 17.000 mulheres todo ano, apenas no Brasil.
O carcinoma, que atinge as mamas, é conhecido desde a Antiguidade, sendo seus registros mais antigos oriundos dos povos de Grécia e do Egito. Ao longo do tempo, o uso de técnicas invasivas e dolorosas de tratamento foram substituídas por cirurgias conservadoras, com preservação da mama, até se chegar às técnicas e equipamentos para controle e prevenção associadas à realização de exames regulares, ao estímulo à qualidade de vida e ao diagnóstico precoce, evitando-se tratamentos invasivos. Anualmente, o câncer de mama atinge cerca de 66.000 brasileiras ano.
Câncer: história e suas interseções
O Observatório História e Saúde estuda o tema desde 2006, quando realizou o projeto de pesquisa “O controle do câncer no Brasil”. Desde 2016 elabora estudos mais específicos. O projeto “Uma história do câncer de mama no Brasil” tem como principais pesquisadores Luiz Alves e Luiz Antônio Teixeira e traz uma gama de materiais de consulta para se aprofundar no tema, a começar pelo livro “Câncer de mama e de colo de útero: conhecimentos, políticas e práticas”, de 2015. A obra reúne estudos interdisciplinares sobre o assunto, desde a detecção até os impactos da doença na feminilidade. Está disponível para download.
Para voltar ainda mais no tempo, temos em nossa Galeria os registros em texto e imagens da Fundação das Pioneiras Sociais, como eram chamadas as voluntárias que executavam ações de assistência médica e social no país, mobilizadas pela então primeira-dama Sarah Kubittschek. Elas foram as protagonistas da criação, em 1957, de um centro de pesquisas dedicado à prevenção do “câncer feminino” no Rio de Janeiro, promovendo a prevenção e detecção precoce do câncer ginecológico e de mama. O local se tornou, depois, Escola de Citopatologia, considerada o primeiro esforço para a formação de técnicos qualificados para a leitura das lâminas de exames citopatológicos.
Para além das questões médicas e de políticas públicas, a equipe do OHS já desenvolveu também trabalhos relacionados à representação do câncer de mama. O artigo “Para além das classificações biomédicas: a experiência do câncer de mama no Brasil, 1990-2015”, de Luiz Alves, Luiz Antonio Teixeira e Carlos Barradas, traz uma pesquisa realizada com 15 mulheres em tratamento no INCA, sobre suas percepções a respeito de temas como quimioterapia, queda de cabelo e retirada de mama. O artigo e sua resenha podem ser vistos no site.
Temos ainda a exposição “A mulher e o câncer de mama no Brasil”, parte do projeto já finalizado “História do Câncer – atores, cenários e políticas públicas” e fruto de uma parceria entre a Fiocruz e o INCA. Lançada em 2013, a exposição traz 21 painéis sobre o tema, contando desde os primeiros registros do carcinoma até os principais métodos de prevenção e de diagnóstico precoce. Pode ser vista também em nossa Galeria.
O site contém ainda valiosos Depoimentos Históricos sobre as primeiras décadas de controle dos dois cânceres. Temos o depoimento de Tereza Feitosa, médica que atuou numa das primeiras campanhas de prevenção do câncer de mama, a Viva Mulher. Outro depoimento é o de Hélio Aguinaga, médico e filho de um dos primeiros médicos a falar sobre o câncer de colo do útero no Brasil, Armando Aguinaga. A segunda fase do programa Viva Mulher é tema do depoimento de Luiz Claudio Thuler, médico que foi o coordenador de Educação do INCA.
Neste mês de conscientização sobre os cânceres de mama e de colo de útero, reforçamos a importância de se realizar o autoexame das mamas e exames de rotina nas unidades de saúde, além de vacinar crianças e adolescentes contra o HPV.
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