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Estudo sobre obra de Michelangelo reforça conhecimento do câncer de mama desde a Antiguidade

Por Carolina Vaz

Com informações de O Globo e CNN

Um estudo realizado recentemente por especialistas da Alemanha, Itália, França, Áustria e Reino Unido, e publicado na revista The Breast, afirma que Michelangelo intencionalmente retratou uma jovem com câncer de mama em um dos afrescos da Capela Sistina. Trata-se do afresco O Dilúvio, a primeira cena executada pelo pintor italiano na Capela, datando de 1508.

Os pesquisadores utilizaram um método chamado de iconodiagnóstico, no qual se procura sinais clínicos de distúrbios e doenças médicas em obras de arte, e une profissionais da biomedicina, história médica e história diagnóstica. Eles notaram que uma mulher, na pintura, tem a mama esquerda retratada de modo normal, e a direita apresenta anormalidades, como a pele areolar retraída e uma reentrância acima do mamilo, como uma cicatriz. Acima da mama também se encontram protuberâncias, que poderiam ser linfonodos aumentados.

Detalhe do afresco mostra mulher com alterações na mama. Imagem: Domínio Público.

O estudo ainda envolveu a observação de que Michelangelo retratava o seio feminino saudável em muitas outras personagens de suas obras, e que o mesmo era um anatomista, tendo ajudado em autópsias desde os 17 anos de idade. Os pesquisadores ainda acreditam que a mulher retratada pode ser a mãe de Michelangelo, Francesca Del Sera, e a criança atrás, chorando, o próprio pintor.

Doença de conhecimento milenar

O estudo sobre a obra de 516 anos atrás reforça ser de conhecimento generalizado o câncer de mama, desde a Antiguidade, conforme já apresentado pelo OHS na exposição “A mulher e o câncer de mama no Brasil” e em obras como o livro “Câncer de mama e de colo de útero: conhecimentos, políticas e práticas”.

Painel 8 da exposição.

Estudos históricos relatam que os mais antigos registros sobre o câncer de mama são papiros egípcios de aproximadamente 1700 a.C. Através destes documentos é possível afirmar que a doença era tratada com remédios como miolos de vaca, e com muita frequência tratada com amputações. Esta prática é encontrada também em pinturas e documentos médicos dos séculos XVII, XVII e XIX, sendo este último marcado pelo uso de anestesias mais eficazes e melhores técnicas de assepsia, o que levou à prática da mastectomia radical. O uso de métodos menos invasivos para o tratamento do câncer de mama datam da década de 1950.

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