O sistema de saúde vigente no Brasil há 60 anos diferia, em muitos aspectos, do Sistema Único de Saúde (SUS) hoje em execução. No entanto, já naquela época discutia-se como melhor distribuir os recursos em saúde e atender um amplo contingente populacional em suas necessidades. Este é o tema do artigo “Saúde Pública no contexto dos anos 1960-1970: ideias organizacionais e agendas programáticas no Brasil”, publicado na edição 35 da revista Physis: Revista de Saúde Coletiva. A autoria é de Carlos Henrique Paiva, pesquisador do OHS, e Thais Vidaurre, professora do Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro (IMS/UERJ). Confira aqui.
No artigo, os pesquisadores discutem como se deu, nos anos 1960 e 1970, a construção de agendas e formulação de conceitos no debate organizacional em saúde no Brasil. Apresenta-se tanto o contexto internacional, após Segunda Guerra Mundial, em que se buscava “superar o subdesenvolvimento” a partir do planejamento de uso de recursos e alcance de resultados; como também o contexto nacional, com destaque para a III Conferência Nacional de Saúde, em 1963, e V Conferência Nacional de Saúde, em 1975, a primeira após a implantação do Sistema Nacional de Saúde (SNS).
“Na década de 1960, no contexto de valorização do planejamento como estratégia para a superação do subdesenvolvimento, o encontro entre os pensamentos sanitário e desenvolvimentista estimulou a formulação de propostas de organização sanitária que, por um lado, condicionavam a ‘melhoria dos padrões de saúde’ à ‘elevação dos níveis econômicos’ e à distribuição de renda e, por outro, buscavam, por meio do planejamento, definir arranjos institucionais que possibilitassem assegurar os melhores resultados possíveis com os ‘escassos recursos destinados ao setor saúde’ (Brasil, 1963, p. 95)”.
O artigo demonstra a emergência de conceitos como regionalização, integração e coordenação dos serviços de saúde, não apenas dentro do próprio Brasil, como também, e até anteriormente, em espaços de debate internacionais como a Organização Panamericana da Saúde (OPAS) e Organização Mundial da Saúde (OMS). Apresenta modelos diversos de organização e oferta de serviços de saúde, como o Centro de Saúde Distrital e os “níveis de cuidado” primário, secundário e terciário, que tentavam organizar em que “nível geográfico” se estabeleceria cada ação na área da saúde, de modo a haver organização e coordenação.
O artigo de Paiva e Vidaurre foi resultado de ampla pesquisa, tanto nos documentos da época pesquisada, datados de mais 60 anos, como em bibliografia especializada, para que se pudesse estabelecer as correlações entre as formulações do passado e estrutura existente no presente. Para mais informações sobre o tema, consulte nossa Fonte de Informação História da Rede de Atenção à Saúde.
Confira o artigo completo aqui.
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