A juventude periférica também pode fazer pesquisa? A pergunta, feita a um grupo de estudantes de Ensino Médio que visitava a Fiocruz na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2022, foi o tema do novo episódio do podcast Favela e Ciência, realizado pelo projeto Jovens Investigadores, da Agenda Jovem Fiocruz. O debate foi conduzido por Noelia Rodrigues, educadora popular e coordenadora do projeto, a pesquisadora e mestranda Letícia Pinheiro, da Agenda Jovem. e a coordenadora da Agenda Luciane Ferrareto.
Assistente social criada no bairro de Acari, Letícia falou sobre os obstáculos para que jovens favelados, periféricos e de territórios rurais imaginem-se como pesquisadores, em geral porque são, ao longo da vida, descredibilizados pela forma como falam e escrevem. Ela explicou aos estudantes que, para ser pesquisador ou pesquisadora, o primeiro passo é ter curiosidade, e então usar dessa curiosidade para pensar pesquisas de interesse. “Quem tem interrogações, procure o lugar da pesquisa, porque é um lugar para vocês. Como a falta de política pública, de informação, de acesso a equipamentos de saúde de qualidade no lugar onde moram, por exemplo, interfere nas suas vidas”, afirmou, exemplificando. Letícia defendeu, também, que os moradores de favelas saiam do lugar de “objetos de estudo”, para se tornarem os pesquisadores e motivarem políticas públicas. Noelia Rodrigues acrescentou que as pesquisas têm o poder de respaldar algo que muitas vezes é uma observação empírica do território. Aproximando os jovens dessa possibilidade, a professora comentou que a própria Agenda Jovem mobiliza pessoas de vários estados do Brasil para pesquisar juventude e saúde. Ela foi complementada por Luciene Ferrareto, que apresentou exemplos sobre a amplitude de áreas de pesquisa possíveis na Fiocruz.
O episódio pode ser ouvido no Portal Fiocruz ou diretamente no Spotify. O Podcast Favela e Ciência é uma produção da Cooperação Social da Fiocruz e conta com a parceria do Museu da Vida da Casa de Oswaldo Cruz em sua concepção.
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