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Entrevista com Márcia Morosini: OTS celebra 20 anos com novo site

18/01/2024

Entrevista com Márcia Morosini, professora-pesquisadora do Observatório dos Técnicos em Saúde (OTS), concedida por e-mail a Carolina Vaz e Carlos Henrique Assunção Paiva.

 

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Foto: EPSJV/Fiocruz.

Márcia Valéria Morosini é coordenadora do Observatório dos Técnicos em Saúde (OTS), iniciativa criada no ano 2000 pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e integrada, assim como o OHS, à Rede Observatório de Recursos Humanos em Saúde (Rede ObservaRH).

É graduada em Psicologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), mestre em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da UERJ e doutora pelo Programa de Políticas Públicas e Formação Humana da UERJ. Tornou-se, há quase 10 anos, coordenadora do Laboratório do Trabalho e Educação Profissional em Saúde (Lateps), vinculado ao OTS, onde atua até hoje como professora-pesquisadora.

Em novembro de 2023, o OTS completou 23 anos e celebrou a data lançando um novo site, aproximando o trabalho de pesquisa e divulgação do Lateps do público geral e das técnicas e técnicos em saúde.

Em entrevista ao OHS, Morosini fala sobre os objetivos da criação do novo site e como a iniciativa reflete um possível novo momento da Rede ObservaRH, criada pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde (SGTES/MS), em conjunto com a Organização Panamericana da Saúde (OPAS), em 1999.

Fale-nos sobre o processo de reformulação e construção do novo website institucional do Observatório dos Técnicos em Saúde. Em que contexto se deu e quais ideias principais nortearam esse processo? 

A ideia de construir um novo website para o Observatório dos Técnicos em Saúde (OTS) faz parte de um projeto maior de formulação de um novo plano de comunicação para o OTS. Buscamos construir um plano de comunicação que nos ajude a dar conta de duas necessidades principais. 

A primeira necessidade é de construirmos um plano de comunicação que expresse nossa identidade com as trabalhadoras e os trabalhadores sobre as(os) quais investigamos, que são as trabalhadoras e os trabalhadores técnicos em saúde. Sabemos que as(os) trabalhadoras(es) técnicas(os) em saúde são na maioria mulheres e que essas mulheres são predominantemente negras. Buscamos projetar o nosso site, como a nossa janela para o mundo, por meio da qual somos vistos, ao mesmo tempo em que mostramos o nosso modo de ver. E gostaríamos que essas técnicas e esses técnicos se vissem no site e percebessem a importância que elas e eles têm para a saúde brasileira. 

A segunda é a necessidade de incorporarmos a perspectiva da disseminação ao processo da pesquisa. Este tem sido um desafio colocado pela Política de Divulgação Científica da Fundação Oswaldo Cruz que nos convoca a pensar meios de tornar público o conhecimento que produzimos já no curso da investigação, articulando meios e estratégias de disseminação à metodologia de produção do conhecimento. 

Essa necessidade se coloca diante de um contexto social no qual se faz necessário popularizar a ciência e recompor o valor dos marcos científicos para o balizamento das políticas públicas. Implica o compromisso com a democratização do acesso ao conhecimento e a valorização de linguagens e mídias variadas para compor um arsenal de meios de disseminação da ciência produzida que nos permita conversar com os mais diferentes sujeitos, sem renunciar ao rigor científico. 

“Gostaríamos que as técnicas e técnicos se vissem no site e percebessem a importância que elas e eles têm para a saúde brasileira”.

Pesquisas realizadas pelo OTS estão disponíveis no site. Imagem: reprodução.

Como vocês hoje compreendem a Rede ObservaRH no contexto da nova gestão da SGTES? Qual o papel da Rede e da estação de trabalho da Escola Politécnica especificamente nesse novo contexto? 

O momento atual da SGTES nos parece muito importante e propício para a retomada da Rede Observa RH como parte estratégica da política de gestão do trabalho e da educação na saúde. Entendemos que voltar a investir na produção da pesquisa em rede, por estações localizadas em diversas instituições públicas país afora, pode contribuir para que se conheça melhor a realidade da formação e do trabalho em saúde no Brasil. Pode colaborar para que se constitua um acervo público de conhecimento e meios de disseminação sobre a educação e o trabalho que beneficie os gestores, os trabalhadores e outros centros de pesquisa que se interessem pelos campos do trabalho e da educação na saúde.

É fundamental haver uma agenda coletiva de pesquisa, mobilizada pela SGTES, fomentada com recursos públicos e formulada em diálogo com pesquisadores, trabalhadores e gestores. É importante haver pautas de longo, médio e curto prazo, incluindo, por exemplo, a análise e o diagnóstico de problemas estruturais e conjunturais do campo, assim como a realização de estudos prospectivos. Para isso, é fundamental promover, com investimento regular e contínuo, a estabilidade das condições para a pesquisa e a disseminação do conhecimento, a articulação das estações, para o compartilhamento de processos e a cooperação, assim como o acompanhamento do trabalho realizado em rede.

“Voltar a investir na produção da pesquisa em rede (…) pode contribuir para que se conheça melhor a realidade da formação e do trabalho em saúde no Brasil”.

Os últimos anos foram muito pedagógicos acerca dos imensos desafios que temos pela frente no terreno da comunicação das nossas ações institucionais. Como vocês estão pensando operacionalmente a comunicação do Observatório dos Trabalhadores em Saúde no atual contexto brasileiro?  

A Comunicação mostrou-se fundamental para o funcionamento do OTS e essa compreensão está bem consolidada tanto na nossa equipe de pesquisadores como para a gestão colegiada da EPSJV. Foi graças a isso que conseguimos produzir um projeto que foi financiado por meio de uma emenda parlamentar tendo como foco a comunicação. Partiu-se de um diagnóstico sobre o que há na web sobre as técnicas e os técnicos da saúde, como elas/eles são abordados, que tipo de informação é divulgada, por quem, assim como que tipo de informação é mais buscada.

Com esse diagnóstico feito, teve início o processo de construção do nosso discurso lógico, por meio de oficinas pensadas e conduzidas por um profissional da comunicação que nos acompanhou e assessorou em todas as etapas de reconstrução do site. Além dele, contamos com um designer que trabalhou de modo muito integrado, pensando conosco cada aspecto visual, cada peça da arquitetura e toda a dinâmica de interação dos usuários com o novo site.

A comunicação ganhou um espaço definitivo no processo de trabalho do OTS. Aprimorou nossa capacidade de refletir sobre a linguagem que utilizamos e a mensagem que desejamos difundir. Tornou-se parte integrante das nossas atividades, tanto na produção de conteúdo para o site sobre as pesquisas e o conhecimento produzido, como também na própria concepção e organização das pesquisas, contribuindo para a definição dos produtos e dos meios de disseminação do conhecimento produzido. Fortaleceu-nos frente ao desafio do discurso acessível e outros aspectos que ampliam a capacidade de comunicação do OTS.

Esperamos que o novo site do OTS revele a todas e todos que o acessarem a transformação que este processo trouxe para o nosso trabalho.

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