Por Carolina Vaz
Nesse momento em que se realiza a 17ª Conferência Nacional de Saúde, lembramos uma figura central na VIII Conferência, a primeira após a redemocratização do país: Hésio Cordeiro.
Formado em Ciências Médicas em 1965, poucos anos depois começa a se empenhar para promover a medicina social nos cursos da área, influenciando a criação do Instituto de Medicina Social da UERJ. No final dos anos 70, começa a participar de eventos sobre política de saúde na Câmara dos Deputados e assume a direção da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, a ABRASCO. Logo após o fim da ditadura, em 1985 ele assume a presidência do Instituto de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS). Sob sua liderança, mais pesquisas são desenvolvidas na Fiocruz e outras instituições, e mais recursos da Previdência Social são destinados à Saúde. Hésio Cordeiro estava à frente quando a VIII Conferência Nacional de Saúde, em 1986, estabeleceu a saúde como um direito de todos e dever do Estado e a necessidade de um sistema único com participação social, dentre outras diretrizes. O Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS) também teve a influência do médico.
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Estão disponíveis em nosso site dois materiais que trazem a história e a importância do sanitarista. A primeira é a mostra itinerante “Hésio Cordeiro: Permaneçamos lutando! 1988 – imagens de um desagravo”, uma homenagem da Casa de Oswaldo Cruz exibida pela primeira vez em 2013. Os textos dos painéis fotográficos são guiados pelo texto de Paulo Buss, escrito em 1988, por ocasião de concessão a Hésio Cordeiro do título de professor Honoris Causa da ENSP/FIOCRUZ.
Mais recente, temos o livro “Hésio Cordeiro e a História da Saúde no Brasil”, lançado em 2022, de autoria de Carlos Henrique Assunção Paiva, José Roberto Franco Reis, e Luiz Alves Araújo Neto, pesquisadores do OHS. A obra reúne três entrevistas realizadas com Hésio em momentos distintos de sua trajetória, sendo a primeira em 1986, por Paulo Gadelha, Marcos Chor Maio e Nilson Moraes, à época pesquisadores da recém-criada Casa de Oswaldo Cruz. Quase 20 anos depois foi a segunda, em 2004, pelos historiadores Flávio Coelho Edler e Dilene Raimundo do Nascimento, também pesquisadores da COC. E, por fim, a terceira foi em 2010 por Nelson Ibañez, Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Outra fonte de sua biografia é o artigo “O homem que lançou as bases do Sistema Único de Saúde (SUS)”, publicado pela pesquisadora associada do OHS Cristiane d’Avila no blog Café História.
O sanitarista Hésio Cordeiro faleceu em novembro de 2020, tendo se mantido até os últimos dias como professor-visitante do Instituto de Medicina Social da UERJ.
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