Prevenção do câncer no Brasil: mudança conceitual e continuidade institucional no século XX
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AUTORIA

1. Luiz Alves Araújo Neto, Casa de Oswaldo Cruz, Fiocruz, Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

RESUMO

Esta tese discute a história conceitual e institucional da prevenção do câncer no Brasil no século XX. Permeada por incertezas no início do século XX, a prevenção ganhou cada vez mais espaço na medicina do câncer e na formulação da atenção oncológica no país. Sugiro que isso decorreu principalmente de dois marcos conceituais: o deslocamento da noção de detecção precoce para o campo semântico da prevenção e o desenvolvimento de uma concepção quantificada de prevenção através dos parâmetros da epidemiologia. Entre 1900 e 1960, transformações no conhecimento médico e a institucionalização do cuidado aos cancerosos levaram à estabilização das incertezas quanto à prevenção e à afirmação de que a melhor estratégia contra a doença é o diagnóstico precoce, pois permite identificar o estágio de pré-câncer e reduzir a mortalidade geral pelos tumores. A partir dos anos 1960, o desenvolvimento da epidemiologia das doenças crônicas e da noção de risco epidemiológico promoveu outra mudança conceitual na prevenção, agora associada à quantificação, ao planejamento em saúde e a programas de controle do câncer. Nesse processo, porém, um modelo institucional centrado na valorização da detecção precoce foi estabelecido no país, tendo como base a experiência dos hospitais filantrópicos e a Campanha Nacional Contra o Câncer de meados do século. O argumento desta tese é que a história da prevenção do câncer no Brasil é marcada pela tensão entre a mudança conceitual e a continuidade institucional, o que impõe desafios à implantação de políticas de saúde no campo da prevenção e a programas de controle do câncer no país. Através de uma abordagem que aproxima a história da medicina, os Estudos Sociais das Ciências e a história dos conceitos (Begriffsgeschichte), este trabalho explora as variações conceituais da prevenção e sua relação com a construção da atenção oncológica no país. Esse percurso analítico é pautado em fontes médicas (artigos, teses, livros, anais de congressos, editoriais), documentação institucional (relatórios, publicações, cartas, memorandos, planejamentos), legislações, textos de jornais, imagens, e literatura secundária. A tese conclui que a implantação de programas nacionais de prevenção e controle do câncer no Brasil demanda a compreensão da tensão entre a dimensão conceitual e o modelo institucional da atenção oncológica, a fim de elaborar estratégias que lidem com condições históricas referentes ao problema do câncer no país.

Palavras-chave: câncer, prevenção, atenção oncológica, história da medicina, saúde pública.

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COMO CITAR ESTA TESE

ARAÚJO NETO, Luiz Alves. Prevenção do câncer no Brasil: mudança conceitual e continuidade institucional no século XX. 2019. Tese (Doutorado em História das Ciências e da Saúde) – Casa de Oswaldo Cruz, Fiocruz, Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: <https://ohs.coc.fiocruz.br/outras-publicacoes/prevencao-do-cancer-no-brasil-mudanca-conceitual-e-continuidade-institucional-no-seculo-xx/>. Acesso em: dia de mês de ano.