Em homenagem ao dia do sanitarista, em 2 de janeiro, o Observatório História e Saúde explica a importância dessa profissão para a sociedade, que tem como representantes históricos as figuras de Oswaldo Cruz e Carlos Chagas.
O que faz um sanitarista?
Segundo o Ministério do Trabalho, as atribuições do sanitarista incluem planejar, coordenar e avaliar ações de saúde; definir estratégias para unidades e/ou programas de saúde; coordenar interfaces com entidades sociais e profissionais. São atribuídas ainda ao sanitarista atividades das áreas de epidemiologia, ciências sociais e políticas públicas de vigilância sanitária.
Na prática, sanitaristas fazem levantamentos de dados de saúde, diagnósticos e vistorias, planejamento de políticas públicas, informes e boletins. Podem atuar em ouvidorias, educação popular e comunicação, promoção e informação em saúde. Por isso, o sanitarista é fundamental para o Sistema Único de Saúde (SUS), contribuindo para sua consolidação e seu desenvolvimento.
Seu diferencial é trabalhar com uma perspectiva ampla e multidisciplinar que ultrapassa as visões biomédicas do fenômeno saúde e doença. Para isso, busca se aproximar das realidades do território de atuação, entendendo suas peculiaridades e condições de vida, diversidades étnicas, culturais, de gênero, sexual, religiosa e geracional. Assim, o diálogo respeitoso e acolhedor é um dos seus instrumentos de trabalho. Em sua atuação, considera experiências e saberes, viabilizando a construção de projetos adequados à realidade social e ambiental da população.
Como ser um sanitarista
A especialidade passou por muitas transformações e atualmente é caracterizada por ser multiprofissional e interdisciplinar.
Até 2009, era preciso fazer pós-graduação para ser sanitarista, seja especialização, mestrado ou doutorado. A partir desse referido ano, universidades brasileiras passaram a oferecer cursos de graduação. Em 2017, a profissão foi reconhecida pelo Ministério do Trabalho na nova tabela de Classificação Brasileira de Ocupações.
Contribuições de Oswaldo Cruz e Carlos Chagas
Oswaldo Cruz e Carlos Chagas foram sanitaristas que desenvolveram pesquisas científicas de grande impacto social.
Oswaldo Cruz (1872 – 1917) se graduou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (atual UFRJ). Pioneiro no estudo das moléstias tropicais e da medicina experimental no Brasil, fundou em 1900 o Instituto Soroterápico Federal no bairro de Manguinhos, no Rio de Janeiro, transformado em Instituto Oswaldo Cruz, hoje a Fundação Oswaldo Cruz, respeitada internacionalmente. Empreendeu uma campanha sanitária de combate às principais doenças da então capital federal: febre amarela, peste bubônica e varíola. Para isso, adotou métodos como o isolamento dos doentes, a notificação compulsória dos casos positivos, a captura dos vetores – mosquitos e ratos –, e a desinfecção das moradias em áreas de focos. Sua luta contra as doenças, apesar de inicialmente ter gerado uma crise, ganhou reconhecimento internacional.
Para saber mais, visite o site da Biblioteca Virtual Oswaldo Cruz.
Carlos Chagas (1878 – 1934) também se formou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (atual UFRJ) e trabalhou como clínico e pesquisador na saúde pública do Brasil. Iniciou sua carreira no combate à malária. Ganhou destaque ao descobrir a enfermidade e o causador da Doença de Chagas. É o único cientista na história da medicina a descrever completamente uma doença causada por um tripanossomo: o patógeno (agente causador da doença), o vetor (ser vivo capaz de transmitir um agente infectante), os hospedeiros, as manifestações clínicas e a epidemiologia (distribuição dos fenômenos de saúde/doença e seus fatores condicionantes e determinantes nas populações humanas). Também trabalhou no combate à leptospirose e às doenças venéreas, além de ter sido o segundo diretor do Instituto Oswaldo Cruz.
Para saber mais, visite a Biblioteca Virtual Carlos Chagas.
Veja na Biblioteca aqui do site nosso acervo de depoimentos históricos, composto por entrevistas com sanitaristas brasileiros.
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